terça-feira, agosto 23, 2011

Para o Anônimo Personagem

Pode deixar, caro amigo
Desconfio dos contornos do seu perfil
mas nem que isso importe nada
Pois a luz também silencia e
não sem grande destreza
confio

Pode deixar claro, amigo
ou
claro que pode deixar
tudo como esteve
tudo como está

Como um homem que, junto a uma mulher
consegue manter sua beleza
você sabe se fazer forte
Me seguindo ou não
Meu nome já está aqui, no céu, no chão,
ao contrário, ao avesso, à sorte...
E o seu, na sua mão.

É simples assim
Andemos lado a lado
E onde não sou mulher
Me sinto um homem contemplado

Anônimo personagem
Estampo seu nome em letras de forma
E ele brilha
No escuro da lente
apuro a minha mente

Antes que eu comece a escrever 
como quem apenas fala rimando
Siga meus passos
Ou pegadas
E pode deixar as suas
nas bordas das páginas viradas.

Um comentário:

  1. gosto de suas palavras diretas,
    suas palavras precisas,
    tantas vezes ao alvo elas são ditas
    que demarcam-me, às cegas, por inteiro.

    pois sim, sigo suas pegadas perdigueiro,
    atento aos múltiplos vestígios
    do seu espírito sensível.

    É tão visível a impressão que me causa,
    que as certezas embaralha,
    e sem poder vestir-me de um saber prudente,
    sobre meu desejo,
    nas sombras procuro o abrigo
    de um precário desconhecido.

    não, não sou anjo minha cara,
    concupiscente e profano,
    toco as bordas de suas páginas
    sentindo a delícia de virá-las.

    aquilo que mais me intriga,
    aliás, desde o princípio,
    sua quase ausência de precipícios,
    em toda sua sensibilidade,
    alguma dor em nenhuma parte.

    isso verdadeiramente inspira,
    faz contemplar-te embevecido
    em quaisquer de seus gêneros,
    em toda sua arte.

    corra Isbela, corra,
    a encontrar a beleza em toda parte,
    e espalhar a toda gente,
    - a beleza que ainda acreditas -
    e deixa a dor para mais tarde.

    tarde demais para vivê-la.

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